17 dez

Preparação para o mercado. Você realmente foi preparado?

Praticamente todos os cursos superiores dizem preparar os seus egressos para o mercado de trabalho, mas ainda hoje, poucos deles preparam os profissionais para empreenderem. A maioria os torna muito bons nas competências técnicas de suas respectivas áreas de atuação, mas no mundo em que vivemos atualmente, isso não basta. Ser bom tecnicamente pode ser o suficiente para desempenhar a profissão escolhida pelo profissional, mas o cotidiano vai lhe requerer outros conhecimentos, como gestão de pessoas, gestão financeira e gestão tributária, sendo que a esmagadora maioria dos egressos de cursos superiores não tem este conhecimento e acaba por adquiri-lo da forma mais traumática, que é o método da tentativa, erro.

Muitos buscam especializações para adquirirem estes conhecimentos e outros contratam profissionais que os possuem, para lhes auxiliarem, o que parece ser um caminho lógico, mas ainda assim, não é sem riscos. Infelizmente, nem todos os cursos são bons, assim como nem todos os profissionais atuando no mercado o são e há o risco de fazer escolhas ruins e terminar por realizar uma má gestão.

Quando desejamos escolher um curso superior ou um programa de pós-graduação stricto senso (mestrado e doutorado), podemos usar como referência de qualidade, a nota dele no IGC, do INEP, atribuída anualmente, que pode ser localizada em http://portal.inep.gov.br/educacao-superior/indicadores/indice-geral-de-cursos-igc. O IGC varia de 1 até 5 e um desempenho ruim pode levar inclusive ao descredenciamento da instituição de ensino. Imaginem o valor para o mercado, de um diploma emitido por uma instituição descredenciada… O pior é que muitos alunos não levam a sério a prova do ENADE, muitas vezes respondendo às perguntas de forma errada, com a intenção de errar. Eles acham que estarão promovendo uma "vingança" contra a instituição de ensino, em função de fatos que os deixaram insatisfeitos, mas na verdade, estão prejudicando a eles mesmos, pois quanto menor o conceito da IES (Instituição de Ensino Superior), menor o "valor" do diploma deles!

Adicionalmente, se a preocupação for apenas com a qualidade de um programa de pós-graduação stricto senso (mestrado e doutorado) podemos utilizar os conceitos atribuídos pela CAPES, que recomenda apenas os cursos que tenham obtido nota igual ou superior a "3", disponíveis em http://www.capes.gov.br/avaliacao/dados-do-snpg/cursos-recomendados-reconhecidos. As notas da CAPES variam de 1 até 7! O interessante aqui é o fato de existirem 5.691 cursos de pós-graduação no Brasil, mas apenas 3.806 (66,88%) serem recomendados pela CAPES, ou seja, 33,12% deles não conseguiram nota para a recomendação.

Mas e quanto aos cursos de latu senso (especialização)? Bem, estes não possuem nenhum tipo de avaliação e aí há espaço para os cursos ruins se colocarem, fazendo seus alunos desperdiçarem dinheiro e tempo em algo que não lhes será útil para nada, além do relacionamento com novas pessoas da área. Aqui vale destacar as louváveis iniciativas de alguns conselhos de classe que analisam cursos de suas competências técnicos e os reconhecem, ou não, conforme seus critérios, como são os casos do CFO e do CFP. Porém nenhuma entidade, até o momento, avaliou os cursos de gestão de consultórios, escritórios, etc.

Conseguimos claramente identificar profissões onde o ato de empreender é muito comum e portanto tendem a sofrer mais com esta deficiência, como é o caso das áreas da saúde que costumam montar seus consultórios pessoais (médicos, enfermeiros e odontólogos), além dos psicólogos que montam seus consultórios, educadores físicos que atuam como "personal trainners" e advogados que montam escritórios. Apesar de serem profissionais de áreas distintas, todos correm o risco de não terem obtido em suas formações as competências necessárias para o empreendedorismo.

Desta forma, anualmente, temos novos profissionais ingressando no mercado e iniciando suas atividades sem a noção de como devem proceder para o recolhimento de seus impostos, como funciona a contratação de quem irá secretariá-los, nem como gerir seus negócios. Ainda que sejam excelentes profissionais nos quesitos técnicos, pecam na gestão e acabam por ser exemplos de muito conhecimento e pouco sucesso financeiro. Tipo de pessoa muito comum hoje em dia, mas realmente não precisaria ser assim, bastaria que contassem com a orientação de bons profissionais. Aí recaímos em outro problema. Como localizar os bons? Pois é, esta tarefa não é das mais fáceis, principalmente para quem está ingressando no mercado… Lógico que não são apenas os entrantes que enfrentam problemas, ainda há os antigos, que em função da orientação de maus profissionais, realizam procedimentos errados ao longo de anos e quando descobrem o erro, acabam por ver uma parte razoável de seus ganhos ir embora em função deles…

Em artigos futuros pretendo abordar este assunto da gestão do negócio próprio em maior profundidade, até o próximo!

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Contador, Analista e Desenvolvedor de Sistemas, com especializações em Contabilidade, Finanças e Análise de Dados, além de mestrado em Contabilidade e Finanças e cursos de extensão em instituições de ensino internacionais, nas áreas financeira e de análise de dados (Yale University, University of Michigan e Johns Hopkins University). Professor Universitário de Graduação em Porto Alegre e Pós-Graduação nas cidades de Porto Alegre, Caxias do Sul, Osório e Miami (USA), palestrante em diversos eventos no Brasil e Estados Unidos, desde 2005. Master Coach Trainer, membro da ICF Brasil e IAC. Já treinou mais de 10.000 pessoas, desde o ano 2.000, no Brasil e nos EUA. Saiba mais na página Sobre.

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